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Arquitetos: A+P Arquitetos Associados
- Área: 810 m²
- Ano: 2017
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Fotografias:Manuel Sá
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Cine-Teatro São Joaquim está inserido no Conjunto Arquitetônico e Urbanístico da cidade de Goiás, tombado em nível federal em 1978 e inscrito na Lista do Patrimônio Mundial da Unesco em 2001. Equipamento cultural de destaque na cidade e no Estado de Goiás, o Cine-Teatro São Joaquim abriga eventos da relevância do Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental (FICA), criado em 1999 e que é, atualmente, o maior festival cinematográfico sobre o Meio Ambiente do mundo. Apesar da sua importância como equipamento cultural, o Cine-Teatro São Joaquim, construído na segunda metade do século XX, era uma edificação desprovida de qualidades arquitetônicas e com características exógenas ao contexto urbano em que o imóvel se situa, provocando grande impacto no delicado sítio urbano de Goiás. O terreno ocupado pelo edifício resulta do amembramento de dois lotes urbanos, resultando em um volume maior em área e em altura que as edificações do entorno.
Por esta razão, a Superintendência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) no Estado de Goiás decidiu promover, no âmbito do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas, um projeto de requalificação do Cine-Teatro, visando reduzir seu impacto no sítio tombado e qualificar os seus espaços internos. Assim, o projeto arquitetônico elaborado entre 2015 e 2016 teve como principal objetivo adequar o edifício ao contexto urbano, transformando um objeto arquitetônico completamente dissonante em um elemento harmônico com as demais edificações da cidade de Goiás e, mais especificamente, da rua Deusdete Ferreira de Moura. Essa adequação foi obtida, principalmente, através da redução da altura do volume da edificação no trecho correspondente ao foyer, associada à criação de uma cobertura em duas águas semelhante às das edificações vizinhas, bem como da reinterpretação em linguagem arquitetônica atual, na fachada principal do Cine-Teatro, dos elementos compositivos da arquitetura colonial encontrados nas edificações vizinhas.
A solução da fachada foi a mais difícil de definir, posto que foram elaboradas diferentes versões que foram discutidas com os órgãos competentes (IPHAN e Prefeitura) e com a comunidade. A solução final adotada corresponde a uma adequação do edifício ao sítio urbano em que se insere, em termos de escala, volumes, proporções e ritmos e, ao mesmo tempo, corresponde a uma expressão formal e construtiva que traduz os valores estéticos e as tecnologias atuais. Poderíamos dizer que se trata de uma apropriação, na escala urbana, do conceito de “integração de lacunas” conforme definido por Cesare Brandi em sua Teoria da Restauração:
A integração deverá ser sempre e facilmente reconhecível; mas sem que por isso se venha a infringir a própria unidade que se visa reconstruir. Desse modo, a integração deverá ser invisível à distância de que a obra de arte deve ser observada, mas reconhecível de imediato [...] quando se chega a uma visão mais aproximada. (BRANDI, Cesare. Teoria da Restauração. Cotia, SP: Ateliê Editorial, 2004, p. 47-48)
O projeto de requalificação do Cine-Teatro previu ainda sua atualização tecnológica, a melhoria da visibilidade na plateia superior e outras intervenções voltadas à sua qualificação espacial e funcional, com destaque para a ampliação do foyer e a criação de um backstage adequado. As obras de requalificação do Cine-Teatro São Joaquim foram iniciadas em 2015 e, no início de junho de 2017, ele foi reinaugurado, durante o lançamento da 19ª edição do FICA.